domingo, 19 de abril de 2015

História Oral: Teoria, Referências e Metodologia

Dentro da historiografia se discute que a História Oral seria inovadora primeiramente por seus objetos, pois dá atenção especial aos “dominados”, aos silenciosos e aos excluídos da história (na época da História Tradicional), à história do cotidiano e da vida privada, à história local e enraizada. Em segundo lugar, seria inovadora por suas abordagens, que dão preferência a uma história vista de baixo[1], atenta às maneiras de ver e de sentir, e que as estruturas objetivas e as determinações coletivas prefere as visões subjetivas e os percursos individuais, numa perspectiva decididamente micro-histórica. Dentro desta percpectiva, selecionamos o autor José Carlos Sede B. Meihy para fundamentar o uso dessa metodologia.
Para José Carlos Sebe B. Meihy (2011) História Oral Plena, entende a elaboração e a análise das entrevistas. A história oral plena se realiza em si, isto é, depois de elaboradas as entrevistas,trançam-se análises de várias pessoas contidas em um mesmo projeto, ou seja, na combinação das narrativas formuladas pelas entrevistas que lhes garante em si autonomia e consistência analíticas.

As análises, nesses casos, devem sempre ser comparativas, mesclando opiniões, pontos de vista ou fatos revelados em gravações que contenham redes de entrevistados com características próprias [...] No caso da história oral plena não é preciso se valer de cruzamentos com outros documentos que não sejam as entrevistas (MEIHY, 2011:16)


A metodologia oral em análise prima para registrar a memória viva, as emoções, as paixões, o olhar, a perspectiva peculiar e os sentimentos de indivíduos das mais diversas origens socioculturais. Michael de Pollak (1992) ao colocar sobre “acontecimentos vividos por tabela”. São acontecimentos vividos pelo grupo de quilombolas e que nem sempre a pessoa não participou e em seu imaginário se tornou parte dessa identidade. O método oral explicita este tipo de catalogação, propiciando uma construção dos personagens envolventes com o lugar antropológico.

Para a fase de transcrição, seguiremos o que Tourtier-Bonazzi (1998) propõe:
  • A transcrição será feita pelo próprio entrevistador, o quanto antes;
  • As passagens pouco audíveis devem ser colocadas entre colchetes;
  • As dúvidas, os silêncios, assinaladas por reticiências;
  • As pessoas citadas, designadas por iniciais (quando solicitado pelas mesmas);
  • As palavras em negrito serão as de forte entonação;
  • Anotações como risos devem ser grifadas;
  • Subtitulos para facilitar a leitura;
  • Os erros flagrantes deverão ser corrigidos datas, nomes próprios etc.
REFERÊNCIAS

FRAÇOIS Etienne. A fecundidade da história oral. In: FERREIRA, Marieta  de Morais Ferreira, (Org.). Usos e abusos da história oral. Fundação Getúlio Vargas, 8ª Edição,  Rio de Janeiro, 2006

MEIHY, José Carlos Sebe B. Guia prático da história oral: para empresas, universidades, comunidades, famílias. Contexto, São Paulo, 2011.

TOURTIER-BONAZZI, Chantal de. Arquivos: propostas metodológicas. In: FERREIRA, Marieta  de Morais Ferreira, (Org.). Usos e abusos da história oral. Fundação Getúlio Vargas, 8ª Edição,  Rio de Janeiro, 2006

obs: desenvolvemos uma grade para ser usada na pesquisa de Histórial Oral. Mais para frente disponibilizaremos em nossa página.


[1] Geschichte von unten, Geschicte von inne.

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